renováveis magazine

Agenda transForm - Valorização da biomassa lenhosa

Agenda transForm – Valorização da biomassa lenhosa à escala regional

A Agenda transForm tem como objetivo impulsionar a transformação digital da fileira florestal, promovendo uma economia mais resiliente e alinhada com a neutralidade carbónica.

Integrada na Componente 5 (C5) do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), esta iniciativa foca-se na Capitalização e Inovação Empresarial, no âmbito dos sistemas de incentivos às Agendas Mobilizadoras e Agendas Verdes para a Inovação Empresarial.

Reunindo um consórcio de 56 parceiros dos setores privado, público e associativo, a Agenda transForm estrutura-se em 30 projetos colaborativos, distribuídos por seis eixos de atuação. No eixo 2, “Operações & Logística Verde“, insere-se o Projeto 2.6 – Redes Regionais de Valorização de Biomassa Lenhosa, coordenado pelo INESC TEC e desenvolvido em parceria, para além do CBE, com o ForestWISE, a Altri Florestal, a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra (CIM RC), a Florecha e a Forestis. Este projeto tem como objetivo maximizar o aproveitamento da biomassa lenhosa, reduzindo o risco de incêndio através de uma recolha eficiente do material e evitando práticas prejudiciais, como as queimas e a deposição em aterro, em conformidade com a Nova Diretiva de Resíduos.

No âmbito deste projeto, o CBE, enquanto coordenador da Atividade 3, em colaboração com os restantes parceiros, desenvolveu um dos entregáveis previstos: o Relatório Técnico sobre a Valorização da Biomassa Lenhosa à Escala Regional. Este documento abrange a caracterização e quantificação da biomassa disponível, bem como a identificação de soluções para a valorização energética da biomassa lenhosa à escala regional.

A área de estudo corresponde ao território da CIM da Região de Coimbra, localizada na NUTS II Centro e composta por 19 municípios, com uma extensão de 4 336 km². Com uma taxa de ocupação florestal de 60%, torna-se essencial adotar estratégias para a gestão eficiente dos sobrantes agroflorestais.

Uma das soluções mais promissoras é a criação de parques de recolha de biomassa, permitindo que pequenos operadores do setor possam escoar e valorizar a biomassa sem necessidade de grandes investimentos em equipamentos. Esta estratégia reduz a necessidade de queimadas, contribuindo para a mitigação do risco de incêndios e da poluição atmosférica, ao mesmo tempo que gera novas oportunidades económicas e valoriza os resíduos agroflorestais.

O estudo técnico estimou a biomassa lenhocelulósica disponível na região, considerando fatores fisiográficos e de acessibilidade. A biomassa residual proveniente da exploração de eucalipto e pinheiro bravo foi avaliada em 238 mil toneladas anuais, enquanto a biomassa de origem agrícola, resultante de podas em culturas permanentes como olival, vinha e pomar, totaliza aproximadamente 19 mil toneladas por ano. No entanto, após ajustamentos relacionados com a biomassa já integrada em cadeias de valorização existentes, a biomassa potencialmente utilizável foi estimada em cerca de 199 mil toneladas anuais.

O estudo termina com a apresentação de um projeto piloto para a instalação de uma central de produção de energia numa piscina municipal, utilizando biomassa resultante da exploração agroflorestal local. Este modelo, além de demonstrar a viabilidade da valorização energética da biomassa, poderá ser replicado noutras áreas da região, reforçando o compromisso com a sustentabilidade e a eficiência energética.

Destaca-se que, no âmbito deste projeto, se encontra já em fase de implementação a instalação de 10 parques de recolha de biomassa nos municípios de Condeixa-a-Nova, Lousã, Mealhada, Montemor-o-Velho, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Penela, Soure, Tábua e Vila Nova de Poiares e, complementarmente, foram distribuídos 13 contentores para a deposição de biomassa florestal residual e sobrantes agrícolas, proporcionando uma solução descentralizada e acessível para os produtores.

Inicialmente, a biomassa recolhida será direcionada para centrais de biomassa na região. No entanto, a médio prazo, espera-se uma evolução destas infraestruturas, incluindo processos de triagem e processamento conforme as características físico-químicas da biomassa. Este avanço permitirá um aproveitamento mais eficiente e sustentável, alinhado com os princípios da utilização em cascata da biomassa lenhocelulósica.

Fontes: A Agenda – Agenda Transform e Redes regionais de valorização de biomassa lenhosa – Centro da Biomassa para a Energia

CBE – Centro da Biomassa para a Energia
Tel.: +351 239 532 436
geral@centrodabiomassa.pt · www.centrodabiomassa.pt

Outros artigos relacionados