Embora as emissões de gases com efeito estufa tenham diminuído em vários setores, a mobilidade continua a produzir emissões superiores às de 1990, tendo aumentado cerca de 25% desde então. Dados do mais recente relatório semestral da ABA, que visa compreender como tem evoluído o setor da bioenergia avançada em Portugal e o que se perspetiva para o futuro da energia sustentável, revelam que o setor da mobilidade continua a ser um dos principais responsáveis pela poluição ambiental.
A ABA defende, por isso, uma maior incorporação de biocombustíveis no setor da mobilidade. O parque automóvel em Portugal é ainda muito envelhecido, verificando-se uma queda no abate de viaturas antigas e na compra de carros novos, nos últimos anos. Segundo a Associação Automóvel de Portugal, a média de idade dos veículos abatidos em Portugal é de 24 anos, comparado com a média de 19 anos há uma década. Os dados do último relatório semestral da ABA reforçam esta ideia, concluindo que, em abril de 2023, a maioria dos veículos pesados ainda movidos a gasóleo representavam 96% das vendas em Portugal, enquanto os elétricos representavam apenas 3%. Isto constitui um enorme desafio à transição energética do setor, sendo, a meu ver, necessário adotar medidas acessíveis a toda a população e a todos os tipos de veículos.
Só assim será possível reduzir o consumo de combustíveis fósseis e atingir a neutralidade carbónica. Na ABA defendemos o papel fundamental dos biocombustíveis na descarbonização dos transportes, uma vez que podem ser usados pelos veículos que hoje circulam sem necessidade de fazer quaisquer mudanças na frota – logo, acessíveis a todos os condutores e gestores de frotas.
A incorporação, nos combustíveis fósseis, de misturas mais ricas em biocombustíveis constitui uma alternativa na produção de energia sustentável, tanto para os transportes ligeiros, como para os pesados, responsáveis por grande parte das emissões poluentes. O acesso generalizado a fontes de energia limpas deve estar na agenda do país para conseguirmos acelerar a transição energética necessária, respondendo às necessidades de todos os consumidores, sejam eles grandes frotas ou clientes individuais.
Nos últimos anos, os biocombustíveis têm sido responsáveis por mais de 90% da redução de emissões de CO2 alcançada na mobilidade nacional. Portugal deve, assim, encarar os combustíveis verdes como uma alternativa eficaz e aplicável não só no setor dos transportes, mas também no doméstico, no industrial ou na agricultura.
Transformar os resíduos em recursos
Os biocombustíveis avançados, também designados por biocombustíveis de segunda geração, são produzidos a partir de fontes de biomassa não alimentares, resíduos agrícolas, resíduos florestais, algas e outros materiais não convencionais. O seu processo de produção de biocombustíveis avançados começa na recolha de resíduos de orgânicos como óleos alimentares usados, resíduos sólidos, biomassa ou glicerina, que são, posteriormente, transportados para instalações de tratamento residual.
Ana Calhôa
Secretária-Geral
ABA – Associação de Bioenergia Avançada
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