O transporte na neutralidade carbónica
O transporte elétrico alimentado por energias renováveis é uma peça chave no puzzle para alcançar a neutralidade carbónica.
O transporte elétrico alimentado por energias renováveis é uma peça chave no puzzle para alcançar a neutralidade carbónica.
A água e a biomassa, enquanto vetores energéticos, são as únicas fontes renováveis de energia que obrigam a um planeamento e gestão dos seus ativos: as bacias hidrográficas e as áreas florestais. No que se refere às florestas, ainda que o seu papel energético tenha sido sempre reconhecido e utilizado (lenha e carvão vegetal), só nos últimos 30 anos é que o seu potencial económico e energético se tornou relevante.
Portugal (juntamente com Espanha) tem o maior recurso solar da Europa, com uma média anual de cerca de 1600 a 2200 kWh/m2de radiação global (GHI). Além disso, o nosso país apresenta uma visão estratégica de desenvolvido para solar fotovoltaico bastante ambiciosa, refletida no Plano Nacional de Energia e Clima para 2030 (PNEC 2030), o que torna o país um dos mercados mais promissores para o desenvolvimento da tecnologia. Esta realidade coloca o holofote na evolução do mercado, e impõe uma visão estratégica também sobre as principais barreiras que ainda persistem.
A utilização da biomassa para a produção de eletricidade tem vindo a ganhar crescente relevância, apresentando-se como uma fonte de energia facilmente disponível em áreas rurais. Além disso, a biomassa evidencia um impacto ambiental significativamente inferior em comparação com as fontes de energia provenientes de combustíveis fósseis. Neste contexto, a biomassa é considerada uma excelente alternativa para a geração de eletricidade, podendo ser aproveitada tanto pela combustão direta de resíduos quanto pela digestão anaeróbia de estrume animal [1].
Em Portugal, de acordo com a informação mais atualizada disponibilizada pela Autoridade Nacional de Resíduos, a Agência Portuguesa do Ambiente, I.P. (APA), no ano de 2022, foram produzidos 5,323 milhões de toneladas (t) de resíduos urbanos (RU), dos quais, 57% dos resíduos produzidos em Portugal continental foram depositados em aterro, e 15% encaminhados para valorização energética, processo através do qual os resíduos urbanos são transformados em energia, fundamentalmente, em três tipos de instalações: instalações de incineração de resíduos urbanos; instalações de recuperação de biogás dos aterros, instalações de recuperação de biogás de digestão anaeróbia.
Como concluído no artigo “A bioenergia como ferramenta de uma gestão florestal sustentável”, publicado na edição n.º 56 da Renováveis Magazine, é fundamental que o Governo português adeque o quadro regulatório à realidade nacional, em matéria de biomassa florestal, de forma a assegurar a viabilidade da biomassa enquanto vetor energético.
As áreas de investigação sobre o potencial da biomassa e das suas utilizações são muito amplas devido à complexidade dos vários possíveis processos associados, a começar na origem da matéria-prima, passando pela sua transformação em fonte de energia secundária até às utilizações finais.
Neste artigo é feito um breve apanhado sobre o estado da arte tecnológico no domínio da biomassa para a energia, sendo ainda mencionadas ferramentas para o fazer e levantamentos anteriores neste domínio. No final é feito um breve enquadramento sobre o peso da biomassa no mix energético nacional com base nos mais recentes dados estatísticos.
Os Future Energy Leaders Portugal (FELPT) publicaram recentemente um white paper sobre o aproveitamento energético da biomassa florestal em Portugal.
Assim que a legislação que prevê o regime da produção de eletricidade para autoconsumo foi revista na sequência da entrada em vigor da Diretiva 2018/2001 do Parlamento e do Conselho de 11 de dezembro de 2018 (mais conhecida por “Diretiva Renováveis”), verificou-se um boom dos projetos de autoconsumo, principalmente de reduzida dimensão. O cenário para quem sobrevoasse Lisboa passou, então, a ser de telhados repletos de painéis solares de todos os tamanhos e feitios, visíveis, quer em instalações industriais, quer em prédios destinados a habitação.