As alterações climáticas são a preocupação mais impactante das nossas vidas, porque vai mudando as nossas formas de viver, de estar e consumir, e até de pensar no futuro. Pela urgência na minimização do problema, os governos, autoridades municipais e empresas em todo o mundo estão a definir metas Net Zero diariamente. E nós todos podemos ajudar!
A Net Zero ou também chamada de Net Zero Carbon (Zero Emissões Líquidas) significa um estado em que as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) estão equilibradas, ou seja o aquecimento global pára. O Acordo de Paris (realizado em dezembro de 2015) pede e estabelece objetivos para que o Acordo Net Zero seja viável e realizável, exigindo que as nações alcancem um equilíbrio entre as emissões. A meta mais falada atualmente para evitar grandes desastres climáticos passa pela Net Zero 2050 que determina que as emissões globais líquidas de dióxido de carbono geradas pela atividade humana devem cair cerca de 45% até 2030 e para zero em 2050. Ou seja, para alcançarmos este objetivo temos de reduzir ao máximo as emissões de GEEs e compensar o que não for possível reduzir.
Como alcançar a Net Zero?
A adoção generalizada de metas Net Zero em todo o mundo é um fator importante na ação climática. O Acordo de Paris pretende manter o aumento da temperatura global bem abaixo de 2 °C e envidar esforços para se manter em 1,5 °C.
A nível nacional, chegar a Net Zero requer reduções extensas nas emissões em relação ao normal, com remoções de emissões de carbono na atmosfera. Algumas das maiores economias do mundo – Japão, Reino Unido e França – estabeleceram uma meta de Net Zero para 2050, e a UE colocou esse objetivo no centro do Pacto Green Deal.
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Em termos corporativos, a Net Zero é bem aceite até porque é um estado em que as atividades dentro da cadeia de valor de uma empresa não têm impacto líquido sobre as emissões de carbono. Isso envolve definir e procurar uma meta de 1,5 °C baseada na ciência para emissões em toda a cadeia de valor, com remoções permanentes de uma quantidade igual de emissões de carbono da atmosfera para neutralizar quaisquer emissões restantes difíceis de eliminar (e apenas essas). Mas há algumas etapas que são importantes neste longo, e global, caminho para a redução e neutralização das emissões de gases com efeito de estufa. Vejamos:
1. Tecnologias de remoção de carbono
- reflorestação;
- restauração dos ecossistemas e práticas de manuseamento dos solos que captam carbono;
- tecnologias de captura e armazenamento de carbono que são sistemas que removem CO2 diretamente da atmosfera ou dos processos industriais e o armazenam em formações geológicas;
- uso de bioenergia com captura de carbono que usam a biomassa como fonte de energia com captura e armazenamento de carbono.

2. Compensações de carbono
Passam pelo financiamento de projetos que reduzam as emissões noutros locais como a aposta de energia renovável em países subdesenvolvidos, e ainda a aposta na conservação da floresta.
3. Créditos de carbono
Existem mercados de carbono que regulamentam e comercializam créditos para emissões reduzidas.
4. Transformações sistémicas
É importante que todas as pessoas percebam que a mudança está em cada um de nós, e por isso é crucial que existam mudanças nos padrões de consumo (redução do consumo de carne, redução do desperdício, menos consumo, aumento de materiais recicláveis). Os governos têm aqui um papel decisor na medida em que devem incentivar empresas e instituições a reduzir as emissões de gases e ainda a construir cidades mais sustentáveis com mais transportes públicos, maior eficiência energética e uma urbanização mais inteligente.
5. Redução de emissões na fonte
- substituir combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás natural) em fontes de energia renovável como solar, eólica, hidráulica e biomassa;
- melhorar a eficiência energética na utilização de energia em indústrias, edifícios, transportes e infraestruturas;
- apostar nos veículos elétricos, processos industriais elétricos e aquecimento residencial;
- promover práticas agrícolas sustentáveis para reduzir emissões de metano e óxido nitroso.
6. Envolvimento global
Importante falar e implementar políticas que permitam cumprir com o Acordo de Paris, fortalecendo em simultâneo a cooperação entre países. E obviamente que este comprometimento deve ainda englobar as empresas que devem adotar metas Net Zero, e as famílias que têm de adaptar os seus estilos de vida.
Mudança tem de ser mundial
Ou seja, para que o mundo alcance Net Zero dentro do prazo definido pelo acordo de Paris, a política, a tecnologia e o comportamento precisam de mudar em todas as áreas. Projeta-se, por exemplo, que as energias renováveis representem 70-85% da eletricidade mundial até 2050. Também é fundamental que repensemos como abastecemos o transporte e que melhoremos a eficiência da produção de alimentos. O investimento em energias renováveis – energia solar e eólica – é fundamental, assim como o desenvolvimento de técnicas de remoção e retenção de emissões.
Embora a redução das emissões deva ser a nossa meta, a remoção de dióxido de carbono continua a ser necessária em setores onde chegar a zero emissões é particularmente difícil, como a aviação. A remoção pode ser alcançada de várias maneiras, desde abordagens naturais, como restaurar florestas e aumentar a absorção de carbono pelo solo, até soluções tecnológicas, como captura e armazenamento direto de ar.
As empresas que procuram atingir uma meta Net Zero precisam de adotar uma abordagem multifacetada: reduzir as emissões de carbono das operações, gerir as reduções internas e da cadeia de abastecimento e compensar as emissões difíceis de evitar no curto prazo. Mas para reduzir as emissões, primeiro é necessário entendê-las.
Para ir além da neutralidade de carbono e atingir o valor Net Zero, as empresas também precisam de ampliar a sua visão sobre o carbono.
Fonte das imagens: Freepik