O 1.º trimestre de 2016 foi chuvoso, com valores de pluviosidade elevados e índices de eolicidade com valores médios, por isso, durante os primeiros meses do ano, as fontes renováveis mantiveram-se como as fontes energéticas dominantes na produção de eletricidade em Portugal Continental. Até ao fim de março, a produção de eletricidade renovável representou 85%, 11 453 GWh do consumo elétrico continental 13 440 GWh. Esta contribuição elevada das renováveis é reflexo dos investimentos dos últimos anos e destaca-se do período homólogo de 2015 em que as renováveis só atingiram um peso de 61% de produção renovável no consumo elétrico. Globalmente, o consumo elétrico no 1.º trimestre manteve-se estável quando comparado com os anos anteriores. Só em março de 2016 é que houve um aumento do consumo de eletricidade de 5,3% face a 2015 devido às temperaturas médias ambientes inferiores à média para a época do ano.
Até ao fim de março a hídrica foi a maior fonte renovável de produção de energia elétrica no Continente (41,7%), seguida da eólica (26,3%), a biomassa contribuiu com 3,9% e a tecnologia solar fotovoltaica situou-se nos 0,9%. A produção nacional, responsável pelo abastecimento do consumo nacional e pela exportação, contribuíram com 72,9% e as fontes fósseis asseguraram o resto da produção elétrica. A produção convencional de origem térmica fóssil ocupou 19,5% e a cogeração fóssil 7,6%. Apenas a componente hídrica (grande e pequena hídrica) gerou mais eletricidade do que toda a produção não renovável – 6559 GWh – e a tecnologia eólica gerou 4138 GWh. A tecnologia solar ainda tem um peso reduzido na produção elétrica nacional apesar do seu grande potencial, não ultrapassando até ao final de março mais de 144 GWh. A biomassa total (biomassa sólida, biogás e resíduos sólidos urbanos) totalizou 550 GWh e a componente fóssil gerou 4265 GWh. A importação elétrica de Espanha foi de 355 GWh, tendo sido largamente ultrapassada pelas exportações que atingiram os 2633 GWh.
Durante o 1.º trimestre de 2016 comprovou-se uma correlação entre o aumento da produção renovável e o aumento da exportação mas o mercado português está muito condicionado nos canais de exportação, que só existem para Espanha, e em termos de MIBEL, a capacidade de exportação está ainda muito limitada para França e Marrocos. Assim, estas condições favoráveis de produção renovável podem ser potenciadas caso uma interligação elétrica direta Portugal-Marrocos fosse desenvolvida porque existe complementaridade do recurso renovável entre Portugal e Marrocos aliado ao intuito mútuo de aumentar as trocas comerciais de energia. Note-se que Portugal tem um setor de produção elétrico multifacetado e maduro, enquanto Marrocos ainda está numa fase de expansão e consolidação do seu mercado interno.
O armazenamento realizado em Portugal é feito por bombagem hidroelétrica que assume especial relevância pela reduzida capacidade de interligação entre a Península Ibérica e outros países. Além deste armazenamento as empresas portuguesas têm-se mostrado na vanguarda da aplicação de outros tipos de sistemas de armazenamento, como o projeto-piloto de baterias de lítio de alto desempenho em Évora. No 1.º trimestre de 2016 o preço médio do mercado spot diário é de 30,47 €/MWh, um preço que traduz as boas condições de produção de eletricidade a partir de fontes renováveis que se refletiram numa redução do preço médio do mercado spot diário em 15,39 €/MWh, face ao período homólogo do ano anterior. No 1.º trimestre de 2015, o preço médio do mercado spot diário foi de 45,86 €/MWh para uma componente renovável de apenas 61%, o que evidencia o impacto positivo da eletricidade renovável na redução do preço da energia elétrica no mercado spot.
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1 thought on “Eletricidade de origem renovável em Portugal Continental”
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Exportem para Portugal. Ponham os preços noturnos do bi horário mais baratos ou mantenham os preços do consumo diurno e não os aumentem quando há bi horários O Ze Povinho passava a consumir mais de noite e não havria necessidade de tanto investimento