Alinhando-se com esta ambição, Portugal tem demonstrado um compromisso notável com a sua agenda de sustentabilidade e inovação tecnológica. Após uma forte recuperação da recessão depois da pandemia, o país destaca-se pelo seu crescimento económico robusto – com uma taxa de crescimento real do PIB de 2,5% em 2023 em termos homólogos – e pela implementação do Plano de Recuperação e Resiliência. Esta dinâmica coloca Portugal numa posição privilegiada para estar entre os países que lideram a transformação ‘verde’ na Europa, enfrentando os desafios da digitalização e da competitividade industrial no cenário global.
Estes objetivos climáticos e económicos emergem num contexto de crises sequenciais. A pandemia testou a resiliência da UE, e a posterior invasão da Ucrânia agravou os desafios de segurança energética. Também a economia também foi afetada: nos últimos 5 anos, o crescimento na UE foi, em média, 1% inferior ao dos EUA e, de acordo com as projeções, vai continuar a ser inferior em cerca de 0.8% a longo prazo. Um dos principais fatores que contribui para esta dinâmica é o acentuado aumento dos preços da energia, afetando significativamente a região. O preço do gás natural na UE, por exemplo, continua a ser três vezes superior ao de 2019 e cerca de cinco vezes superior ao dos EUA. Em Portugal, os preços do gás natural para utilização doméstica estão acima da média da UE e da Zona Euro – mostraram uma subida acentuada desde o segundo semestre de 2021, atingindo máximos no final de 2022, antes de começarem a descer depois no primeiro semestre de 2023, refletindo as flutuações nos mercados europeus .
Para alcançar este seu objetivo climático, a UE deve primeiro abordar uma tríade de problemas energéticos – segurança, competitividade industrial e descarbonização. Estes desafios partilham um problema comum: a dependência de combustíveis fósseis importados, que não só é prejudicial para o ambiente como também implica custos elevados, o que afeta, por sua vez, as oportunidades de investimento. Quando as despesas com a importação de
energia na UE dispararam, foram gastos mais de 800 mil milhões de euros em combustíveis fósseis a preços inflacionados, quase o triplo do valor do que foi gasto em defesa pela UE em 2023. Este investimento poderia ter sido direcionado para a transição energética.
Ciente do desafio e do risco de uma dependência energética demasiado elevada, Portugal já começou a enfrentar este problema. Desde 2005, diminuiu a sua dependência energética externa em 17,6 pontos percentuais, incrementando a produção doméstica de energia e reduzindo o consumo de energia primária em 21,3% (também versus 2005), garantindo assim níveis de segurança de abastecimento mais elevados.
Fortalecer a Europa: economia e tecnologia de mãos dadas
O lado da procura desta equação – a forma como a energia é consumida pelos utilizadores finais – é uma alavanca poderosa para a descarbonização e merece atenção especial. Assim, é essencial promover uma rápida adoção da eletrificação e da digitalização – quando combinadas, as tecnologias modernas e as indústrias podem otimizar a utilização da energia, facilitando uma transição mais rápida dos combustíveis fósseis para fontes de energia sustentáveis, acessíveis e seguras.
Com o Pacto Ecológico Europeu, a UE criou o enquadramento adequado para enfrentar os seus desafios energéticos. No entanto, ainda há um longo percurso pela frente. Por exemplo, quase 75% do parque imobiliário na Europa não é energeticamente eficiente, sendo que apenas cerca de 1% é renovado anualmente. Portugal tem também presente o objetivo de descarbonizar o parque imobiliário até 2050. Contudo, os edifícios representam 32% do consumo total de energia no país (14% setor dos serviços, 18% setor residencial).
Assim sendo, as instituições da UE devem focar-se na gestão da procura do setor energético, garantindo ao mesmo tempo que a transformação “verde” da sociedade não comprometa a competitividade.
Aroa Ruzo
Country Manager Portugal
Schneider Electric Portugal
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