Portugal é um país em que o setor de energia fotovoltaica ganhou muita força nos últimos anos. Esta área de energia emergiu como um pilar fundamental na transição para uma economia mais verde. Mas essa transição não está isenta de desafios, e os trabalhadores da energia solar enfrentam impactos significativos das alterações climáticas no seu ambiente de trabalho.
As alterações climáticas têm provocado mudanças substanciais nos padrões meteorológicos um pouco por todo o mundo, incluindo Portugal. O aumento da temperatura média, eventos climáticos extremos e a escassez de água são apenas alguns dos desafios enfrentados pelo setor de energia solar.
Enquanto Portugal se esforça para expandir a sua capacidade de energia solar e alcançar metas ambiciosas de energia renovável, os trabalhadores na indústria solar enfrentam uma série de desafios únicos e progressivos.
As alterações climáticas exacerbaram muitos desses riscos, ameaçando a segurança e a saúde dos trabalhadores em todas as etapas, desde a instalação até à manutenção dos sistemas fotovoltaicos.
Os riscos específicos a que os trabalhadores desta indústria estão mais expostos são:
Exposição ao calor extremo
A exposição prolongada ao calor é um dos principais riscos enfrentados pelos trabalhadores da energia solar. Durante os meses de verão, as temperaturas em Portugal podem atingir níveis extremos, tornando as condições de trabalho ao ar livre insuportáveis e, até mesmo, perigosas.
Os instaladores e a manutenção de painéis solares trabalham, frequentemente, em telhados ou terrenos expostos ao sol, onde a temperatura pode ser significativamente mais alta do que a temperatura ambiente. Isto aumenta o risco de insolação, exaustão pelo calor e outros problemas de saúde relacionados com o calor.
O calor extremo também pode levar à fadiga e ao golpe térmico entre os trabalhadores, afetando a sua capacidade de realizar tarefas com segurança e eficiência. A fadiga pode resultar em lapsos de atenção, erros de avaliação e diminuição da produtividade, aumentando o risco de acidentes e lesões no local de trabalho.
Além disso, o golpe de calor pode sobrecarregar o sistema de regulação térmica do corpo, levando a sintomas como tonturas, náuseas e desmaios.
Quedas e lesões relacionadas ao trabalho em altura
A instalação e manutenção de sistemas fotovoltaicos muitas vezes exigem trabalhos em altura, aumentando o risco de quedas e lesões graves. Os trabalhadores podem estar expostos a perigos como telhados instáveis, escadas precárias e superfícies escorregadias, especialmente durante condições climáticas adversas, como chuva ou ventos
fortes. Além disso, o calor extremo pode afetar a concentração e a coordenação dos trabalhadores, aumentando ainda mais o risco de acidentes.
Queimaduras solares e risco de cancro de pele
A exposição prolongada ao sol aumenta significativamente o risco de queimaduras solares e, consequentemente, o risco de cancro de pele entre os trabalhadores do fotovoltaico.
Como passam longas horas ao ar livre, muitas vezes sem proteção adequada, os trabalhadores estão sujeitos aos efeitos nocivos da radiação ultravioleta (UV). Embora o uso de protetor solar e roupas de proteção possa ajudar a reduzir esse risco, muitos trabalhadores podem não estar cientes da importância dessas medidas preventivas ou podem não ter acesso a elas.
Recomenda-se que nas empresas haja consciência que é necessário estar preparado para lidar com os impactos das mudanças climáticas, adotando medidas que protejam a saúde e a segurança dos trabalhadores e também dos nossos parceiros.
É por isso que temos vindo a implementar práticas que ajudam a lidar com estas alterações, como é o caso de:
- A divulgação semanal dos alertas meteorológicos à equipa operacional e de HSE, de modo a ser possível
monitorizar eventos como altas ou baixas temperaturas, a velocidade do vento ou ainda a pluviosidade, e com isto gerir as atividades a desenvolver nas várias frentes de trabalho de modo a reduzir o risco de incidentes. - Promover estaleiros sociais, nas obras de maior envergadura, de modo que os trabalhadores possam realizar pausas.
- sensibilização dos nossos trabalhadores e parceiros para o uso diário de óculos de sol (proteção UV) e protetor solar.
Proteger a segurança e a saúde dos trabalhadores neste setor não apenas promove um ambiente de trabalho mais seguro, mas também contribui para a sustentabilidade e resiliência da economia verde.
É muito importante sensibilizar e comprometermo-nos com a proteção da segurança e saúde dos trabalhadores, enquanto enfrentamos os desafios das alterações climáticas juntos.
Sandra Leal
HSEQ Coordinator
Helexia Portugal
Outros artigos relacionados:
- Artigo “A transição energética e o futuro do trabalho no setor energético” da edição 57 da renováveis magazine;
- Artigo de Blog “Saiba tudo sobre energia solar” presente na renováveis magazine;
Fonte da imagem de destaque: prostooleh | Freepik
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