Aparentemente podemos pensar que Net Zero e carbono zero significam o mesmo, mas essa não é a verdade. São termos cada vez mais utilizados e assuntos que estão na ordem do dia, até porque todos percebemos a exigência das metas do Acordo de Paris, documento final da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas em 2015.

Neutralidade carbónica ou carbono zero

Carbono zero ou neutralidade carbónica é um termo utilizado há algum tempo e contabiliza apenas as emissões de dióxido de carbono (CO₂). Se uma empresa ou associação se identifica como neutra em carbono é porque avalia as emissões de CO₂ produzidas, posteriormente tenta reduzir as mesmas ao máximo e por fim, compensar as mesmas. Este ato de equilíbrio é conhecido como compensação de carbono e pode significar a plantação de novas árvores, os sumidouros de carbono ou reservatórios de carbono, ou até investir ou aumentar o investimento em energias renováveis nas suas instalações. Os principais sumidouros naturais de carbono são o solo, as florestas e os oceanos e podem remover entre 9,5 e 11 Gt de emissões de CO₂ da atmosfera por ano, no entanto o carbono armazenado nestes sumidouros naturais é libertado para a atmosfera através dos incêndios, da alteração de utilização dos solos e da desflorestação.

Não são apenas as empresas que podem lutar pela neutralidade carbónica porque as pessoas também podem contribuir ao escolher um estilo de vida mais sustentável que permita reduzir as pegadas de carbono. Como? Pode simplesmente começar por utilizar mais os transportes públicos, reduzir o consumo de carne, diminuir o desperdício de alimentos, reciclar embalagens e roupas velhas, reduzir o consumo no geral e monitorizar a utilização doméstica de energia.

O tema acima mencionado já foi abordado em artigos publicados na Renováveis Magazine. Tenha acesso a todos os artigos de forma gratuita, para tal só tem que efetuar a Assinatura Digital .

O que é a Net Zero

A Net Zero é semelhante ao carbono neutro em termos gerais, mas numa escola maior, ou seja, alcançar a Net Zero significa ir além da neutralização das emissões de carbono.

A Net Zero refere-se a todos os gases com efeito de estufa emitidos para a atmosfera como o metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e outros hidrofluorcarbonetos. Por isso, e repetindo o que dissemos na neutralidade carbónica, para atingir o Net Zero os gases com efeito de estufa emitidos para a atmosfera devem ser equivalentes aos gases com efeito de estufa que estão a ser removidos. A Net Zero pretende cortar com as emissões indiretas de carbono dos fornecedores a montante até aos utilizadores finais, o que é algo complexo sobretudo porque as empresas não controlam toda a sua cadeia de valor.

Para as empresas, a Net Zero significa que as operações de descarbonização criam produtos e serviços mais eficientes e sustentáveis, e exploram alternativas de baixo carbono nas cadeias de fornecimento. As empresas para atingir as emissões Net Zero devem primeiro analisar a sua atual emissão de gases com efeito de estufa, estudar as oportunidades de a reduzir e, por fim, determinar um cronograma para atingir as metas pretendidas.

Acima de tudo temos de perceber que atingir a Net Zero exige que todos os governos e empresas tomem medidas corajosas e imediatas para reduzir as suas emissões. As empresas Net Zero tendem a atrair um maior investimento e reúnem clientes que se preocupam mais com a sustentabilidade e a preservação ambiental.

O que difere a neutralidade carbónica e a Net Zero?

A principal diferença passa pelo prazo e a forma de atingir a meta. A neutralidade carbónica é um estado de curto prazo que a maioria das empresas pode atingir, medindo as emissões atuais e usando compensações de carbono para compensá-las. Mas a Net Zero é uma meta de longo prazo que só pode ser alcançada se as empresas tomarem medidas para reduzir a maioria das suas emissões. As compensações são aqui permitidas mas apenas para uma pequena fração das emissões inevitáveis. As compensações de carbono são aceitáveis ​​sob algumas metodologias para alcançar a neutralidade carbónica de longo prazo, mas a maioria dos observadores concorda que deveriam, na melhor das hipóteses, ser usadas apenas como uma medida de transição de curto prazo na rota para a Net Zero. Por isso, podemos dizer que a neutralidade carbónica é o primeiro passo para as emissões Net Zero.

Compensação de carbono

Outra forma de reduzir as emissões de carbono e atingir a sua neutralidade carbónica consiste na compensação destas emissões de um setor reduzindo-as noutro setor. Isto pode ser alcançado através do investimento nas energias renováveis, na eficiência energética ou noutras tecnologias limpas e com baixas emissões. O regime de comércio de licenças de emissão da UE é um exemplo de sistema de compensação de carbono.

Outro exemplo de sistema para reduzir as emissões é o mecanismo de ajustamento carbónico fronteiriço da UE (CBAM, na sigla inglesa), que permitiria aplicar os preços do carbono a bens importados de países menos ambiciosos em termos climáticos. Tal deveria contribuir para evitar a fuga de carbono, desencorajando uma realocação da produção para um país com regras menos rigorosas em matéria de emissões de gases com efeito de estufa (GEE).

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