A indústria tem sido o setor de atividade que mais tem contribuído para o autoconsumo, mas o paradigma está a mudar. Em 2023, o setor representava menos 28 p.p. do total do que em 2015. Esta perda deve-se aos ganhos dos setores residencial e dos serviços, que estão a ganhar escala.
Em 2024, o solar fotovoltaico foi responsável por 99% da produção de eletricidade proveniente das Unidades de Produção para Autoconsumo (UPAC).
Autoconsumo
O autoconsumo consiste na produção de energia elétrica numa instalação de utilização, seja industrial, um espaço comercial ou de serviços, ou um qualquer edificado residencial, e destina-se ao consumo na sua própria instalação, com recurso a unidade de produção de energia elétrica. As tecnologias mais usadas para o efeito vão desde as cogerações (independentemente de a origem ser renovável, como a biomassa/biogás ou não renovável, como o gás natural) até às tecnologias de produção direta de energia elétrica, como sejam a eólica ou o solar fotovoltaico.
Comecemos por observar como tem evoluído o autoconsumo em Portugal. De acordo com a Figura 1, se excluirmos o ano 2018, o autoconsumo apresenta uma trajetória de crescimento contínuo.

Entre 2015 e 2023, o autoconsumo cresceu cerca de 154%. Em 2015, representava 2,2% do consumo total de eletricidade do país. Em 2023, esse valor era de 5,2%.
Vamos agora conhecer qual o setor que mais contribui para o autoconsumo em Portugal e que evolução apresenta, conforme a Figura 2.

O setor que mais contribui para o autoconsumo, como podemos observar, é de longe o setor da indústria. Não é novidade que assim seja, devido ao elevado peso das cogerações no contexto industrial. Porém, enquanto em 2015 o seu contributo representava 97,4% do total do autoconsumo nacional, em 2023 passou a representar apenas 69,5%, isto é, diminuiu quase 28 p.p. em menos de uma década.
A perda gradual do peso do setor da indústria no autoconsumo não se deve a uma menor produção deste setor. Pelo contrário, até aumentou 81% entre 2015 e 2023. Essa perda deve-se essencialmente à ocorrência, num curto espaço de tempo e especialmente a partir de 2019, de uma forte produção proveniente dos setores dos serviços (inclui edifícios do Estado) e do setor residencial. De uma quase inexistente produção, os referidos setores passaram a representar cumulativamente 27,6% do total da produção gerada em regime de autoconsumo, e 1,4% do consumo total de eletricidade do país.
António Almeida
Técnico Especialista da Direção de Formação, Informação e Educação
ADENE – Agência para a Energia
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