O RECAI (Renewable Energy Country Attractiveness Index), um índice criado em 2003 pela E&Y, pretende classificar os países em função das oportunidades de investimento e desenvolvimento em energias renováveis. Num ranking que engloba 40 países, Portugal mantém-se sensivelmente a meio da tabela à porta do Top 20. Na atualização deste índice, a grande nota de destaque vai para os Estados Unidos da América que, após um ano a ocuparem o 2.º lugar depois da China, voltam a recuperar o “trono”, fortemente impulsionados pelo Clean Power Plan (CPP) anunciado pelo Presidente do país, Barack Obama. Este plano visa galvanizar o investimento em energias renováveis no país, sendo suportado por uma legislação energética coerente, flexível e estratégica. A China, por outro lado, apesar de ter um número de instalações eólicas e fotovoltaicas francamente superior é prejudicada porque o número de investidores estrangeiros e privados que acedem a este mercado continua limitado e além disso, a sua economia tem vindo a enfraquecer, diminuindo as perspetivas futuras.
A nível europeu, a Alemanha perde o lugar mais baixo do pódio, em troca com a Índia que pretende instalar 175 GW de renováveis até 2022 e que, para atingir esses objetivos, tem apostado em medidas políticas que potenciem a atratividade em energias renováveis. Portugal, por sua vez, encontra-se no 10.º lugar à frente de países, como por exemplo, a Espanha. No que concerne ao caso português verifica-se que, segundo o ranking, Portugal destaca-se principalmente pelo 9.° lugar referente a tecnologias aplicadas ao aproveitamento da energia das marés, tecnologia esta que se encontra sob forte desenvolvimento e que, ao contrário, de grande parte das energias renováveis tem uma intermitência menor e por outro lado, uma previsibilidade mais fácil de se obter. Fruto da localização geográfica favorável, que lhe permite tirar partido desta tecnologia ao longo da sua costa, Portugal é um país que apresenta todas as condições para explorar este tipo de tecnologia e energia algo que, naturalmente, não se verifica noutros países. Por outro lado, o ranking ocupado pelo nosso país é sobretudo prejudicado pelo reduzido número de instalações fotovoltaicas e instalações eólicas onshore onde Portugal é classificado em ambos os critérios somente no 25.° lugar. Dada a extensa costa que Portugal possui, o 20.° lugar ocupado em instalações eólicas offshore poderia ser potenciado à semelhança dos países nórdicos.
Portugal, dadas as caraterísticas naturais que possui, é um país rico nas mais variadas formas de recursos endógenos e faz todo o sentido apostar na produção com base em energias renováveis. Para tal, é importante que sejam implementadas políticas que promovam o desenvolvimento e a proliferação de tecnologia e instalações ligadas aos recursos renováveis, à semelhança de países como a Índia e mais recentemente os Estados Unidos. Se as políticas não se alterarem, o país arrisca-se a descer alguns lugares neste ranking.
Ivan Nascimento
Grupo ReNews – FEUP
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