renováveis magazine

potencialidades de valorização do dreche para a redução da fatura energética de pequenas cervejeiras artesanais

Potencialidades de valorização do dreche para a redução da fatura energética de pequenas cervejeiras artesanais

Artigo sobre valorização do dreche para a redução da fatura energética de pequenas cervejeiras artesanais

Resumo

A cerveja é uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo. A produção de cerveja, com um consumo significativo de energia, maioritariamente de origem fóssil, é geradora de grandes quantidades de resíduos, suscitando algumas preocupações devido ao seu impacto ambiental. Muitos dos resíduos orgânicos, podem ser convertidos em produtos de valor acrescentado. Em particular, o bagaço dos cereais resultante do processo de produção da cerveja, o dreche, é proposto como matéria-prima para produção de bioetanol de 2ª geração ou como substrato na digestão anaeróbia (DA) para produção de biogás. Os digestatos líquido e sólido resultantes desse processo podem ser utilizados como biofertilizantes.

Em alternativa, o biogás e a porção líquida do digestatos podem ser processados para se obter hidrogénio através da reformação e eletrólise, respetivamente, que poderá também ser usado na geração de calor ou eletricidade para satisfação de necessidades energéticas das próprias fábricas de cerveja. Águas residuais do processo cervejeiro ou de outras produções vizinhas da fábrica, tais como de lagares de azeite ou queijarias, podem ser coprocessadas por DA e servir de alimentação à eletrólise para produção de hidrogénio, contribuindo-se para o tratamento e promoção da circularidade do recurso água.

Introdução

A produção de cerveja está associada a geração de grandes volumes de biomassa residual. Diversos resíduos são gerados no processo cervejeiro, entre eles, efluentes líquidos e sólidos, em especial, o bagaço de malte, também conhecido como dreche (ver Figura 1). O dreche é um produto perecível devido ao seu alto teor de humidade, representando ~80 a 85% do total de resíduos sólidos das cervejeiras, o que causa preocupações ambientais em virtude da sua elevada carga orgânica. Assim, a recente disseminação de cervejeiras artesanais pelo país traz importantes desafios e oportunidades para o tratamento e aplicação destes resíduos no espírito da bioeconomia circular.

A geração de 137 – 173 t de resíduos por cada 1000 t de cerveja fabricada é referida, gerando 20 – 28 kg de dreche húmido por cada hectolitro (hL) de cerveja. No período 2008 – 2021 a produção de cerveja em Portugal foi, em média, de 7,3×106 hL de cerveja/ano. Depois de um ligeiro declínio em 2020, devido à pandemia, em 2021 a produção alcançou-se 6,7×106 hL, um ligeiro aumento face ao ano anterior, correspondendo a ~ 36500 t/ano de dreche húmido. Em 2021 foram registados em Portugal cerca de 100 produtores. Esta proliferação de microcervejeiras e consequente geração de resíduos cervejeiros por todo o país, faz prever uma pressão ambiental adicional em localidades com capacidade limitada de absorção deste tipo de resíduos.

Luiz Rodrigues
luiz.rodrigues@ipportalegre.pt
Instituto Politécnico de Portalegre

C.M. Rangel
carmen.rangel@lneg.pt
Laboratório Nacional de Energia e Geologia

Roberta Panízio
Valoriza – Centro de Valorização de Recursos Endógenos

Gonçalo Lourinho
BioRef – Collaborative Laboratory for Biorefineries, Portalegre

R.Traquete
Barona Brewing Company Lda, Marvão

Para ler o artigo completo faça a subscrição da revista e obtenha gratuitamente o link de download da “renováveis magazine” nº56. Pode também solicitar apenas este artigo através do email: a.pereira@cie-comunicacao.pt

Outros artigos relacionados

Fonte da imagem de destaque: Freepik