Introdução
Nos tempos que correm, a bioenergia representa um importante segmento das denominadas energias renováveis, fração cada vez mais representativas entre as matrizes energéticas de vários países do mundo. A bioenergia surge assim como uma das soluções alternativas à energia de origem fóssil, particularmente em pequenos países insulares, como é o caso de Cabo Verde que é fortemente dependente do exterior em termos de energia (80%).
Existem várias formas de biomassa utilizadas na obtenção de bioenergia, das quais destacam-se a combustão direta (queima dos resíduos florestais e agrícolas) e o biogás (digestão anaeróbia dos resíduos orgânicos). O biogás, enquanto recurso de energia renovável, possui um potencial para descarbonizar os sistemas elétricos [1]. Nos últimos anos, aumentou-se o interesse pelas tecnologias do biogás em pequena escala em toda a África, a Ásia e a América Latina.
Considera-se o biogás uma das formas mais baratas de energias renováveis, nas áreas rurais dos países em desenvolvimento. Contudo, o custo de investimento inicial dessa tecnologia é quase inacessível para as pessoas que vivem nessas referidas áreas [2]. Os principais obstáculos à implementação da tecnologia do biogás em África são as implicações de custos, a falta de comunicação, a falta de propriedade e a imagem negativa da tecnologia causada pelas falhas ocorridas no passado [3].
A aplicação da tecnologia da em pequena escala, para o tratamento dos restos alimentares e dos estrumes animais, pode oferecer benefícios económicos e ambientais significativos, tais como:
- Redução das emissões dos gases com efeito de estufa (CO2, CH4 entre outros), advenientes da queima do combustível “lenha” para cocção dos alimentos;
- Melhoria da qualidade do ar dentro das habitações;
- Diminuição do volume dos resíduos animais expostos ao ar livre e, consequentemente, manutenção dos espaços rurais limpos;
- Redução dos custos relativos à aquisição de garrafa de gás de cozinha (butano).
O objetivo deste estudo visa avaliar o potencial teórico do processo de tratamento da digestão anaeróbia (DA) em microescala, através do aproveitamento dos resíduos alimentares (sobras da comida) e dos estrumes animais gerados em Achada Lagoa, com vista à produção da eletricidade. A Achada Lagoa é uma pequena comunidade rural do Município de Tarrafal, Ilha de Santiago, situada a uma latitude de 15º23’ N e longitude de -23º70’ W e com uma população composta por cerca de 20 pessoas. É uma zona rural muito encravada e de difícil acesso, com muita água e possui grandes potencialidades a nível da agropecuária.
Silvestre Baptista
Faculdade de Ciência e Tecnologias
Universidade de Cabo Verde
kapverdeaner@gmail.com
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