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Produção fotovoltaica em regime de autoconsumo no Campus da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Produção fotovoltaica em regime de autoconsumo no Campus da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)

A produção de eletricidade em regime de autoconsumo tem sido encarada como uma opção viável no Campus da Universidade de Trás-os-Montes e Alto, contando neste momento com 227 kWp de potência instalada em sistemas fotovoltaicos, que representam cerca de 15% das necessidades atuais de eletricidade.

Num curto prazo, a UTAD tenciona aumentar a potência instalada em sistemas electroprodutores baseados em energia solar fotovoltaica, em mais de 528 kWp atingindo, no Campus Universitário, uma potência instalada superior a 755 kWp.

Enquadramento institucional

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro-UTAD é uma universidade pública com autonomia administrativa e financeira. Criada em 1986, sucedeu ao Instituto Universitário de Trás-os-Montes e Alto Douro, criado em 1979, que por sua vez sucedeu ao Instituto Politécnico de Vila Real, criado em 1973. Apesar de ser uma universidade relativamente recente, conta com uma população estudantil superior a 8500 alunos e com cerca de 630 docentes e investigadores e quase 440 técnicos e pessoal administrativo.

A UTAD tem uma estrutura organizada por Escolas, que desenvolvem a investigação científica e asseguram o ensino de todas as disciplinas nos diferentes cursos ministrados. A UTAD oferece atualmente várias possibilidades de formação, totalizando 112 cursos conferentes de grau, desagregados entre Cursos Técnicos Superiores Profissionais (2), Licenciaturas (39), Mestrados (46) a Doutoramentos (25). Cada uma das cinco (5) Escolas (4 de natureza Universitária e 1 de natureza Politécnica) desenvolve a sua própria atividade científica, embora grande parte desta atividade esteja concentrada nos 6 Centros de Investigação da UTAD e 9 Polos de Investigação, bem como na participação em 2 Laboratórios Associados e 5 Laboratórios Colaborativos.

As competências da UTAD abrangem, de uma forma geral, as várias áreas do saber e os seus investigadores estão envolvidos em diversos projetos de âmbito nacional e internacional.

Na realização das mais diversas atividades que abrange o ensino, a investigação e a extensão, está associado um elevado consumo de energia que, desde 2012, se procurou identificar e diminuir, recorrendo a medidas de melhoria da eficiência energética nos edifícios que constituem o parque edificado da UTAD. A primeira operação com este objetivo foi financiada pelo Fundo de Eficiência Energética e visava o diagnóstico do consumo de energia no Campus da UTAD.

Mais tarde, em 2016, foram preparadas operações, que viriam a ser financiadas pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR) que incluíam a materialização de medidas de melhoria da eficiência energética. Uma das medidas foi a produção para autoconsumo de energia proveniente de sistemas electroprodutores que recorrem à energia solar fotovoltaica.

Consumo e produção de energia no Campus da UTAD

A matriz energética do Campus da UTAD foi sofrendo alterações significativas ao longo da sua existência. Desde o início da Universidade e da implementação dos primeiros edifícios na Quinta de Prados, a fonte de energia utilizada para aquecimento foi sendo alterada de acordo com a disponibilidade de mercado e de tecnologia. Com efeito, desde a construção da Central Térmica nº1, há cerca de 35 anos, com uma potência instalada próxima dos 2 MW, houve a preocupação de garantir calor a partir de uma fonte de energia limpa. Com este fim, foram instaladas 2 caldeiras a casca de amêndoa que rapidamente, por dificuldades operacionais, foram transformadas para queimar fuel óleo e depois nafta. Foi um enorme retrocesso nas preocupações ambientais, que de alguma forma sempre estiveram no centro da política de desenvolvimento do Campus da UTAD. Com o passar do tempo, e com a construção de mais edifícios e porque a nafta originava problemas graves, principalmente quando as cinzas reagiam com a humidade fria do ar, foram instalados depósitos de gás propano em diversos pontos do Campus, principalmente com o objetivo de garantir uma fonte de energia ininterrupta às caldeiras de preparação de água quente, bem como aos diversos bares que começaram a existir. Nesta altura, o número de centrais térmicas tinha já aumentado para potências globais de aquecimento na ordem dos 3 MW. Nos primeiros anos deste milénio é introduzido o gás natural no Campus da UTAD e as caldeiras são reconvertidas para operar com este combustível. Os depósitos de gás propano são desativados. Com a construção de novos edifícios no Campus, a potência térmica instalada em caldeiras de preparação de água quente aumenta para valores próximos dos 4,5 MW, divididos por 12 caldeiras, valor que se mantém constante desde 2011. No que diz respeito à eletricidade, a potência instalada foi aumentando ao ritmo da construção de novos edifícios, atingindo valores próximos dos 2 MW em 2016. De uma forma simples, a matriz energética da UTAD é, atualmente, partilhada entre a eletricidade e o gás natural, passando, a partir de 2021, a incluir a biomassa. Desde o final de 2019, a matriz energética da UTAD inclui, também, a produção de eletricidade renovável, baseada em sistemas fotovoltaicos. A partir de 2016, surge um novo paradigma baseado na melhoria do desempenho energético e ambiental das instalações. Iniciaram-se um conjunto de projetos que por um lado tinham como objetivo a diminuição das emissões de gases de efeito de estufa e por outro a diminuição do consumo de energia, embora focados na melhoria do conforto dos ocupantes, quer em termos de climatização, quer em termos de iluminação. Nesta altura, a nova construção e as obras de requalificação obrigavam-se à melhoria dos sistemas de iluminação, entre outros aspetos relacionados com o aquecimento/arrefecimento ambiente.

Ricardo bento, Amadeu Borges
rbento@utad.pt

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